12.29.2008

Nós na garganta...

Folheiam-se as histórias em ritmo de viagem. A compasso marcado pelo balançar do comboio com destino traçado por duas linhas que nunca se encontram, a não ser na mentira do horizonte que teima em não chegar.
Emboscada penosa para um espírito obstinado e entregue à relutância dos “porquês”.
(Um motim ao ouvido).
Luzes que passam e uma carruagem de almas adormecidas e corpos dormentes, cansados de outra semana de vida e rotina.
Inventam-se vidas num comboio. Histórias sustentadas por um olhar deixado cair de passagem e sem segunda intenção.
Aberto o diálogo com as letras, deixo as páginas escaparem diante da curiosidade voraz destes dedos, que varrem insaciáveis o papel escrito por alguém com muito para contar!
(…)
Ouvi chamar por mim. Uma voz arranha ao altifalante o meu Porto seguro.
Abri a porta e o calor saiu-me todo pela boca, desfeito numa nuvem de fumo que dança e se dissipa no ar.
O frio ficou-me colado no rosto e corta só de franzir o sobrolho para a cara se queixar. A chegada anuncia-se penosa: Já é Inverno cá fora, e eu sem tempo para me habituar.
Á espera, só um casal que evita o frio entre cúmplices abraços e conversas em murmúrio. Não os oiço, mas sei do que falam. Fazem planos para nunca mais cumprir: Escolhem nomes, datas e outras dores de cabeça (para um destes dias) desculpadas pelo sentimento Olímpico que lhes vai no estômago.
O tempo e os outros comboios passam por mim a correr e levantam o frio todo do chão.
Sorte a minha!
A estação deixa no ar o atraso e a desculpa pelo incómodo.
Já não sinto os nós dos dedos!
"Nem a nós nos dedos"
Vou escondê-los no bolso...
O resto deixo-te em rascunho no peito.

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