5.30.2011

Messi: O menino gigante

És a prova de que ainda podemos acreditar no amor romântico pelo futebol, o antídoto para a corrupção de dirigentes e para a violência dos primitivos que partem coisas na vitória e na derrota.
Não precisas de falar para seres tudo o que és quando a bola se enamora das tuas chuteiras e se cola a ti, viajando em curva e contra curva para a baliza, feliz contigo como tu és com ela.
Diz-se que, como as crianças, tens uma obsessão com a bola - depois de um jogo foste a dar toques até ao túnel. Diz-se que fazes birrinha infantil quando ficas no banco para poupares as pernas, mas que logo tudo passa - sem caprichos, sem sobrancelhas arranjadas, sem sorriso de marca internacional.
O teu sorriso é de golo marcado na rua, quando os outros já entravam a pés juntos, frustrados e invejosos, nos pelados da tua terra.
Disseste que te habituaste a levar pancada desde pequeno, que preferes jogar a lamentar, e hoje é muito raro ver-te fazer queixinhas depois de mais uma patada. Estás a menos de um mês de fazer 24 anos, tens mais títulos do que Maradona ou Di Stéfano conseguiram com a tua idade, e continuas menino generoso (23 assistências esta época) e menino que dispara para a baliza como uma bola saltitona atirada contra a parede (53 golos esta temporada).

Podes ser mítico, super herói, milionário, mas, mais que tudo, és o menino que entra para a final da Liga dos Campeões como quem corre para o recreio com a bola. E nós, velhos e perros nas articulações, só queremos ser como tu, jogar na tua equipa, correr atrás de ti depois de um golo.
Obrigado, Lionel.

Hugo Gonçalves in "Jornal i"

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